quarta-feira, abril 23

O sonho do moribundo Enkidu, uma descri��o do inferno, em A Epop�ia de Gilgamesh, o escrito mais antigo de que se tem not�cia, de pelo menos 2300 a.C. (anterior a Homero):

"Os c�us troavam e a terra rugia de volta; entre os dois estava eu, diante de um ser aterrador, o homem-p�ssaro de fei��es sombrias. Ele havia me escolhido como presa. Seu rosto era como o de um vampiro, seus p�s como as patas de um le�o, suas m�os como as garras de uma �guia. Ele se abateu sobre mim e suas presas agarraram minha cabe�a; ele me apertou com for�a e me senti sufocar; ele ent�o transformou meu corpo de tal maneira que meus bra�os viraram asas cobertas de penas. Ele me olhou fixamente e levou-me para o pal�ciode Irkalla, a Rainha das Trevas, � casa de onde ningu�m que entra jamais torna a sair, � estrada sem retorno.

"Ali fica a casa onde as pessoas sentam-se no escuro, onde o p� e sua comida e o barro sua carne. Elas se vestem como os p�ssaros, tendo as asas como traje; elas n�o v�em a luz e sentam-se na escurid�o. Eu entrei na casa do p� e vi os reis da terra,suas coroas guardadas para sempre; vi tiranos e pr�ncipes, todos aqueles que otroura usavam coroas reais e governavam o mundo. Aqueles que no passado haviam ocupado o lugar de deuses com Anu e Enlil agora trabalhavam como servos, buscando carne assada na casa do p� e carragando carne cozida e �gua fria tirada do odre. Na casa do p� em que entrei estavam os altos sacerdotes e os ac�litos, os sacerdotes do �xtase e do encantamento; l� se encontravam os servidores do templo e Etana, o rei de Kish, a quem outrora a �guia carregou para o c�u. Tamb�m vi Samuqan, o deus do gado, e Ereshkigal, a Rainha do Mundo Inferior; e agachada em frente a ela, Belit-Sheri, escriba dos deuses e guardi� do livro da morte. Ela estava lendo uma t�bua que tinha em suas m�os. Ela levantou a cabe�a, me viu e falou: 'Quem trouxe este aqui?' Eu ent�o acordeie parecia um homem sangrado que erra solit�rio por entre os juncos; algu�m que foi agarrado pelo intendente e cujo cora��o bate disparado, cheio de agonia e terror."



An�nimo. A Epop�ia de Gilgamesh, tradu��o realizada a partir da vers�o inglesa estabelecida por N. K. Sandars por Carlos Daudt de Oliveira, S�o Paulo, Martins Fontes, 1992.

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