segunda-feira, dezembro 3

Sound art (arte com som), como seu padrinho, a música experimental, está de fato entre categorias, talvez porque seu efeito no ouvinte esteja entre categorias. Não é emocional nem é necessariamente intelectual. A música ou estimula, reforça, ou toca experiências emocionais, direta (por meio das letras) ou indiretamente (pela melodia e harmonia). Mesmo a música eletrônica e experimental, que é muitas vezes pensada como não-emocional ou intelectualizada, ainda lida com o processo de pensamento, tecnologia e comportamento humanos. O amor de Cage à natureza e a todos os sons ainda os enquadra (ordena) como um recurso natural a ser aproveitado por um compositor, ou como um transbordamento aural humanista da civilização. A música fala a um ouvinte como um ser humano, com toda a complexidade que isso implica, mas a sound art, a menos que empregue o discurso, fala a um ouvinte como a um habitante vivo do planeta, reagindo ao som e ao ambiente como qualquer animal faria (com toda a complexidade que isso implica). Isto soa desumanizante, mas este apelo a um denominador comum primal pode, de fato, mostrar o gesto humano em seu aspecto mais benevolente e menos engrandecedor. Ao tomar o som não como uma distração ou como moeda corrente, mas como algo elemental, [a sound art] pode, potencialmente, apontar ao tipo de consciência cósmica ao qual a arte tanto aspira.



Sound art, like its godfather experimental music, is indeed between categories, perhaps because its effect on the listener is between categories. It’s not emotional nor is it necessarily intellectual. Music either stimulates, reinforces, or touches on emotional experiences either directly (throught lyrics) or indirectly (through melody and harmony). Even electronic and experimental music, which is often thought of as unemotional or intellectualized, still deals with human thought process, technology, and behavior. Cage’s love of nature and all sounds still frames them either as a natural resource to be harnessed by a composer, or as humanist aural spillover from civilization. Music speaks to a listener as a human being, with all of the complexity that entails, but sound art, uness it’s employing speech, speaks to the listener as a living denizen of the planet, reacting to sound and enviroment as any animal would (with all the complexity that entails). This sounds dehumanizing, but this appeal to a primal common denominator may, in fact, show human gesture at its most benevolent and least aggrandizing. By taking sound not as a distraction or currency but as something elemental, it can potentially point to the kind of cosmic consciousness that so much art aspires to.

Alan Licht, Sound Art: Beyond Music, Between Categories. New York, Rizzoli, 2007. Tradução por Saulo Alencastre.

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1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

é uma coisa meio pintura abstrata, não... tentar estabelecer uma forma de comunicação livre do referencial comum que a cultura proporciona... só com o referencial que nosso próprio impõe...

4:19 PM  

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