terça-feira, janeiro 24

146) Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, se não transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para dentro de um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

Frederico Nietzsche. Para além do bem e do mal (trad. Hermann Pflüger). Lisboa, Guimarães & Ca. Editores, 1982.

quinta-feira, janeiro 12

[...] Ordinariamente, quando alguém se julga feliz e se envaidece por isso, ao passo que à luz da verdade é um infeliz, está a cem léguas de desejar que o tirem do seu erro. Ao contrário, zanga-se, considera como seu pior inimigo aquele que o tenta, e como um atentado e quae umcrime esse modo de proceder e, como costuma dizer-se, de destruir a sua felicidade. Por quê? Porque é presa da sensualidade e duma alma plenamente corporal; porque sua vida conhece apenas as categorias dos sentidos, o agradável e o desagradável, e descuida do espírito, da verdade etc. Porque é demasiado sensual para ter a ousadia, a paciência de ser espírito. Apesar da sua vaidade e falsidade, os homens não têm comumente mais do que uma leve idéia, ou, melhor, não fazem a mais leve idéia de ser espírito, de ser esse absoluto que ao homem é dado ser. Mais vaidosos e enfatuados, é verdade que o são... entre si. Imagine-se uma casa, cada um de cujos andares -- adega no subsolo, térreo, primeiro andar -- tivesse uma espécie diferente de moradores, e compare-se a vida com esta casa. Não se veria -- tristeza ridícula! -- que a maior parte da gente preferiria apesar de tudo a adega no subsolo!
Nós todos somos uma síntese com uma finalidade espiritual. Essa é nossa estrutura. Todavia, quem não prefere habitar a adega, as categorias do sensual? Não só o homem prefere viver nelas, mas ama-as a tal ponto que se zanga quando lhe propõem o primeiro andar, o andar nobre, sempre vago e esperando-o -- porque afinal toda a casa lhe pertence.

Sören Kierkegaard, O Desespero Humano (trad. Alex Martins). São Paulo, Martin Claret, 2004.

terça-feira, janeiro 3

Vivendo e não aprendendo. (IRA!)